Vícios
em Substâncias
Alcoolismo: O Vício Socialmente Aceito
O
alcoolismo, ou transtorno por uso de álcool, é caracterizado pelo consumo
problemático de bebidas alcoólicas que leva a prejuízos significativos na vida
do indivíduo. Apesar de sua ampla aceitação social, o álcool é uma das
substâncias psicoativas mais prejudiciais, tanto em termos de danos individuais
quanto sociais.
No
Brasil, aproximadamente 18,3% da população adulta apresenta padrão de consumo
de risco, enquanto 4,2% preenchem critérios para dependência, segundo dados do
II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas. Isso representa cerca de 8,7
milhões de brasileiros dependentes de álcool.
O
desenvolvimento da dependência alcoólica envolve complexas interações entre
fatores genéticos, psicológicos e socioambientais. Biologicamente, o consumo
crônico de álcool provoca adaptações nos sistemas de neurotransmissores,
particularmente nos circuitos de dopamina, GABA e glutamato, levando à
tolerância (necessidade de quantidades crescentes para obter o mesmo efeito) e
à síndrome de abstinência quando o consumo é interrompido.
Os
impactos do alcoolismo são multidimensionais, afetando praticamente todos os
órgãos e sistemas do corpo. Complicações hepáticas, cardiovasculares,
neurológicas e gastrointestinais são comuns, além de aumentar
significativamente o risco de diversos tipos de câncer. Na esfera psicossocial,
o alcoolismo frequentemente resulta em problemas familiares, violência
doméstica, acidentes de trânsito, absenteísmo e perda de produtividade no
trabalho.
O
tratamento do alcoolismo requer uma abordagem multidisciplinar, combinando
intervenções farmacológicas, psicoterapêuticas e suporte social. Medicamentos
como naltrexona, acamprosato e dissulfiram podem auxiliar na redução do desejo
de beber ou na criação de aversão ao álcool. Abordagens psicoterapêuticas, como
a terapia cognitivo-comportamental e a entrevista motivacional, têm demonstrado
eficácia, especialmente quando combinadas com grupos de apoio como os
Alcoólicos Anônimos.
Tabagismo: A Dependência Silenciosa
O
tabagismo representa uma das formas mais prevalentes de dependência química no
mundo, sendo responsável por aproximadamente 8 milhões de mortes anuais,
segundo a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, apesar da significativa
redução nas últimas décadas, ainda existem cerca de 20 milhões de fumantes, com
uma prevalência de 12,8% na população adulta, conforme dados do INCA.
A
nicotina, principal componente psicoativo do tabaco, atua no sistema nervoso
central ligando-se a receptores nicotínicos de acetilcolina, o que resulta na
liberação de diversos neurotransmissores, incluindo dopamina, noradrenalina e
serotonina. Essa ação produz efeitos estimulantes e prazerosos, além de
melhorar temporariamente a concentração e reduzir o apetite. Com o uso
contínuo, desenvolve-se tolerância e dependência física, manifestada por
sintomas de abstinência quando o consumo é interrompido.
Os
danos à saúde causados pelo tabagismo são extensos e bem documentados. O fumo é
fator de risco para diversas doenças respiratórias, cardiovasculares e
neoplásicas, sendo responsável por 90% dos casos de câncer de pulmão. Além
disso, o tabagismo passivo também representa um sério problema de saúde
pública, aumentando o risco de doenças cardíacas, respiratórias e câncer em
não-fumantes expostos à fumaça.
O
tratamento do tabagismo envolve abordagens farmacológicas e comportamentais. A
terapia de reposição de nicotina (adesivos, gomas, pastilhas), bupropiona e
vareniclina são medicamentos aprovados que podem dobrar as chances de cessação
bem-sucedida. Intervenções comportamentais, como aconselhamento breve por
profissionais de saúde, linhas telefônicas de apoio e programas estruturados de
cessação, também desempenham papel fundamental.
Drogas Estimulantes: O Ciclo de Euforia e Depressão
Os
estimulantes do sistema nervoso central, como cocaína e crack, representam uma
categoria de substâncias psicoativas caracterizadas por seus efeitos de aumento
da atividade cerebral, resultando em estados de euforia, energia elevada e
hipervigilância. Estas substâncias atuam principalmente aumentando a
disponibilidade de neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e serotonina
nas sinapses cerebrais.
No
Brasil, segundo o III Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela
População Brasileira, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
aproximadamente 1,7% da população brasileira já utilizou cocaína em algum
momento da vida, o que representa cerca de 3,5 milhões de pessoas. Quanto ao
crack, estima-se que 0,9% da população já tenha experimentado, totalizando
aproximadamente 1,8 milhão de brasileiros.
A
cocaína, derivada das folhas da planta Erythroxylum coca, pode ser consumida de
diversas formas: aspirada (pó), injetada (quando dissolvida em água) ou fumada
(na forma de crack, merla ou oxi). O crack, especificamente, é produzido a
partir da mistura de pasta-base de cocaína com bicarbonato de sódio, resultando
em pedras que são fumadas em cachimbos improvisados. Esta via de administração
proporciona efeitos quase imediatos e intensos, mas de curta duração, o que
contribui para seu alto potencial de dependência.
Os
efeitos agudos dos estimulantes incluem euforia, aumento da energia e estado de
alerta, diminuição do apetite, dilatação das pupilas, aumento da pressão
arterial e frequência cardíaca. No entanto, estes efeitos são seguidos por uma
"baixa" caracterizada por fadiga extrema, depressão, irritabilidade e
intenso desejo de consumir novamente a substância, estabelecendo um ciclo de
uso compulsivo.
O
uso crônico de estimulantes está associado a diversas complicações físicas e
psiquiátricas. Problemas cardiovasculares (arritmias, infarto do miocárdio,
acidente vascular cerebral), respiratórios (quando fumados), neurológicos
(convulsões, acidente vascular cerebral) e infecciosos (HIV, hepatites, quando
injetados) são frequentes. Na esfera psiquiátrica, destacam-se quadros de
psicose, paranoia, ansiedade, depressão e comprometimento cognitivo.
O
tratamento da dependência de estimulantes representa um desafio significativo,
principalmente pela ausência de medicações específicas aprovadas para este fim.
A abordagem terapêutica baseia-se principalmente em intervenções psicossociais,
como a terapia cognitivo-comportamental, entrevista motivacional, manejo de
contingências e grupos de apoio. Em casos de comorbidades psiquiátricas, como
depressão ou ansiedade, o tratamento farmacológico destas condições pode
auxiliar indiretamente no manejo da dependência.
Dependência de Medicamentos Prescritos: O Vício Silencioso
A
dependência de medicamentos prescritos representa um fenômeno crescente e
preocupante no cenário dos transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Diferentemente de outras formas de dependência química, esta modalidade de
vício frequentemente se inicia de maneira legítima, através de prescrições
médicas para o tratamento de condições reais, como dor, ansiedade ou insônia.
No entanto, o uso prolongado, a automedicação e a falta de acompanhamento
adequado podem transformar uma terapia necessária em um ciclo vicioso de
dependência com graves consequências para a saúde física e mental.
Dados
recentes revelam um cenário alarmante no Brasil. Segundo o Levantamento
Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), divulgado pelo Ministério da Justiça e
Segurança Pública em março de 2025, o consumo de analgésicos opioides no país
aumentou mais de nove vezes entre 2012 e 2023. A taxa de uso na população geral
saltou de 0,8% para 7,6% nesse período, atingindo aproximadamente 8% dos
brasileiros.
Particularmente
preocupante é a disparidade de gênero observada nesse fenômeno. Entre as
mulheres, o uso de opioides cresceu de 1% para 8,8% no mesmo período, superando
a média nacional. Além disso, as mulheres também lideram o consumo de
benzodiazepínicos (ansiolíticos e sedativos), com quase 20% relatando ter usado
essas substâncias em algum momento da vida e 12,7% no último ano, enquanto
entre os homens a taxa no mesmo período foi de 7,6%.
As
principais classes de medicamentos associados à dependência incluem:
- Benzodiazepínicos: Medicamentos como clonazepam
(Rivotril), diazepam (Valium) e alprazolam (Frontal), prescritos para
ansiedade e insônia, que atuam potencializando o efeito do
neurotransmissor GABA, produzindo efeitos calmantes.
- Opioides: Analgésicos como morfina,
codeína, tramadol e oxicodona, prescritos para dor moderada a intensa, que
atuam nos receptores opioides no cérebro, bloqueando sinais de dor e
produzindo sensações de euforia.
- Estimulantes: Medicamentos como metilfenidato
(Ritalina) e lisdexanfetamina (Venvanse), prescritos para TDAH, que
aumentam a disponibilidade de dopamina e noradrenalina no cérebro.
O
tratamento da dependência de medicamentos prescritos requer uma abordagem
multidisciplinar, incluindo descontinuação gradual sob supervisão médica,
manejo dos sintomas de abstinência, psicoterapia (especialmente terapia
cognitivo-comportamental), tratamento de comorbidades e grupos de apoio. No
Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento através dos Centros
de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) e ambulatórios
especializados.
Vícios
Comportamentais
Jogos de Azar e Apostas: Quando a Diversão se Transforma em Dependência
O
vício em jogos de azar e apostas, também conhecido como jogo patológico ou
ludopatia, representa um dos transtornos comportamentais mais desafiadores da
atualidade. Caracterizado pela incapacidade de resistir aos impulsos de
apostar, mesmo diante de consequências negativas significativas, este
transtorno tem ganhado crescente atenção no Brasil e no mundo, especialmente
com a expansão das plataformas de apostas online e a popularização das
"bets".
Segundo
dados compilados pelo QuitGamble.com, aproximadamente 1,3% da população
brasileira, o que representa cerca de 3 milhões de pessoas, enfrentam problemas
relacionados aos jogos de azar. Esse número coloca o Brasil em uma posição
intermediária no cenário global, onde países como a Letônia apresentam taxas de
prevalência de até 6% da população.
Pesquisas
recentes da Universidade de São Paulo (USP) indicam que o Brasil tem, em média,
dois milhões de pessoas viciadas em jogos, número que tem crescido
significativamente com a popularização das apostas online. Este fenômeno tem
sido descrito por especialistas como uma "epidemia" de vício em bets,
afetando principalmente jovens adultos e causando impactos devastadores em suas
finanças e saúde mental.
O
jogo patológico compartilha mecanismos neurobiológicos semelhantes aos
observados em dependências químicas, o que levou à sua reclassificação no
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) como um
transtorno relacionado ao uso de substâncias, apesar de não envolver o consumo
de drogas.
Quando
uma pessoa aposta e ganha, o cérebro libera dopamina, um neurotransmissor
associado ao prazer e à recompensa. Este sistema de recompensa é
particularmente sensível a padrões de reforço variável e imprevisível,
exatamente o tipo oferecido pelos jogos de azar. A antecipação de uma possível
vitória, mesmo que estatisticamente improvável, ativa circuitos cerebrais de
recompensa de forma semelhante à ativação provocada por drogas estimulantes.
O
tratamento do jogo patológico inclui abordagens como a Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC), entrevista motivacional, grupos de apoio como
Jogadores Anônimos, e em alguns casos, medicamentos para tratar comorbidades ou
reduzir a fissura. No Brasil, o transtorno é reconhecido pelo CID e pode ser
tratado no Sistema Único de Saúde (SUS).
Internet e Redes Sociais: O Vício da Era Digital
Na
era da hiperconectividade, o vício em internet e redes sociais emerge como um
dos transtornos comportamentais mais característicos do século XXI.
Caracterizado pelo uso excessivo e compulsivo de tecnologias digitais, este
fenômeno tem impactado significativamente indivíduos de todas as idades, com
particular incidência entre adolescentes e jovens adultos.
Dados
recentes revelam um cenário preocupante no Brasil. Segundo levantamento da
Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) com mais de 2 mil adolescentes,
aproximadamente 25,3% dos jovens brasileiros entre 15 e 19 anos são
considerados dependentes moderados ou graves de internet. Isso significa que um
em cada quatro adolescentes brasileiros apresenta padrões problemáticos de uso
da tecnologia digital.
Em
uma perspectiva mais ampla, estima-se que cerca de 30% dos brasileiros mantêm
uma relação abusiva com a internet, enquanto 5% são classificados como
dependentes digitais, conforme dados divulgados pelo jornal O Tempo. Esses
números colocam o Brasil entre os países com taxas significativas de
dependência tecnológica, refletindo uma tendência global de crescimento desse
fenômeno.
O
vício em internet e redes sociais compartilha mecanismos neurobiológicos
semelhantes a outras formas de dependência comportamental. Quando uma pessoa
recebe notificações, curtidas ou comentários em suas publicações, o cérebro
libera dopamina, neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa. Esse
sistema de recompensa variável e imprevisível é particularmente eficaz em
estabelecer padrões de comportamento compulsivo.
As
plataformas digitais, especialmente as redes sociais, são deliberadamente
projetadas para maximizar o engajamento através de mecanismos como recompensas
variáveis, rolagem infinita, personalização algorítmica e gatilhos sociais como
o medo de ficar de fora (FOMO - Fear Of Missing Out).
O
tratamento da dependência de internet e redes sociais requer uma abordagem
multidisciplinar, adaptada às necessidades individuais, incluindo Terapia
Cognitivo-Comportamental (TCC), terapia familiar, grupos de apoio, e em alguns
casos, intervenções farmacológicas para tratar comorbidades como depressão ou
ansiedade. No Brasil, instituições como o Instituto de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas da Universidade de São Paulo (IPq-HC/USP) oferecem programas
especializados para tratamento da dependência tecnológica.
Compras Compulsivas: Quando o Consumo se Transforma em Vício
A
compulsão por compras, também conhecida como oniomania ou transtorno do comprar
compulsivo, representa uma forma de dependência comportamental caracterizada
pelo desejo incontrolável de adquirir bens, frequentemente desnecessários,
apesar das consequências negativas financeiras, emocionais e sociais. Este
comportamento, que vai muito além do simples consumismo ou das compras
ocasionais por impulso, configura-se como um transtorno que afeta
significativamente a qualidade de vida e o bem-estar dos indivíduos acometidos.
De
acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 5% da
população mundial sofre com compras compulsivas. No Brasil, esse número é
estimado em cerca de 3% da população, o que representa milhões de brasileiros
afetados por este transtorno. Embora historicamente tenha sido associado
predominantemente às mulheres, estudos recentes indicam que a diferença entre
os gêneros não é tão significativa quanto se pensava anteriormente.
Particularmente
alarmante é o crescimento vertiginoso deste transtorno após a pandemia de
COVID-19, impulsionado pela expansão do comércio eletrônico e pelo uso
intensificado das redes sociais. Segundo relatos de especialistas do Programa
Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso (Pro-Amiti) do Hospital das
Clínicas de São Paulo, o número de inscritos no programa de tratamento para
compras compulsivas aumentou de cerca de 100 para mais de 1.000 nos últimos
anos, evidenciando a dimensão crescente do problema.
A
compulsão por compras compartilha mecanismos neurobiológicos semelhantes a
outros transtornos do controle de impulsos e dependências comportamentais. O
ato de comprar ativa o sistema de recompensa cerebral, liberando
neurotransmissores como a dopamina, que produzem sensações temporárias de
prazer, euforia e alívio de tensão. Com o tempo, esse circuito de recompensa
sofre alterações, levando à necessidade de compras cada vez mais frequentes
para obter o mesmo nível de satisfação.
O
comportamento de compras compulsivas tipicamente segue um padrão cíclico que
pode ser dividido em quatro fases: antecipação (pensamentos obsessivos sobre
compras), preparação (pesquisa de produtos), compra (o ato em si, caracterizado
por sensações intensas de prazer e perda de controle) e pós-compra (fase
marcada por sentimentos de culpa, vergonha e remorso).
O
tratamento da compulsão por compras requer uma abordagem multidisciplinar,
adaptada às necessidades individuais, incluindo psicoterapia (especialmente
terapia cognitivo-comportamental), tratamento farmacológico para comorbidades,
educação financeira e grupos de apoio.
Alimentação Compulsiva: Quando a Comida se Torna um Refúgio Emocional
A
compulsão alimentar, também conhecida como Transtorno da Compulsão Alimentar
Periódica (TCAP), representa uma condição caracterizada por episódios
recorrentes de ingestão excessiva de alimentos, acompanhados por uma sensação
de perda de controle e sofrimento significativo. Diferentemente da bulimia
nervosa, a compulsão alimentar não é seguida por comportamentos compensatórios
inadequados, como vômitos autoinduzidos ou uso de laxantes, o que
frequentemente resulta em ganho de peso e obesidade.
De
acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 4,7%
dos brasileiros sofrem de compulsão alimentar, um índice quase duas vezes maior
que a média global, estimada em 2,6%. Isso representa cerca de 10 milhões de
pessoas no Brasil afetadas por este transtorno, conforme dados divulgados pela
Câmara dos Deputados em audiência pública realizada em julho de 2024.
Em
termos de prevalência por gênero, o transtorno de compulsão alimentar acomete
aproximadamente 3,5% das mulheres e 2% dos homens ao longo da vida, segundo o
Manual MSD. Embora historicamente tenha sido mais associado ao público
feminino, estudos recentes indicam um crescimento significativo entre homens,
especialmente jovens adultos.
A
compulsão alimentar envolve uma complexa interação de fatores neurobiológicos,
psicológicos e socioculturais. Estudos de neuroimagem revelam alterações nos
circuitos cerebrais relacionados à recompensa, controle inibitório e
processamento emocional em pessoas com compulsão alimentar. Há evidências de
desregulação nos sistemas de neurotransmissores, particularmente dopamina e
serotonina, que desempenham papéis cruciais na regulação do apetite, saciedade
e experiência de prazer associada à alimentação.
Do
ponto de vista psicológico, a compulsão alimentar frequentemente funciona como
um mecanismo de enfrentamento para lidar com emoções negativas. Pessoas com
este transtorno tipicamente relatam usar a comida para regular emoções,
preencher vazios emocionais, como forma de autopunição ou como mecanismo de
dissociação.
O
tratamento da compulsão alimentar requer uma abordagem multidisciplinar,
adaptada às necessidades individuais, incluindo psicoterapia (especialmente
Terapia Cognitivo-Comportamental), tratamento farmacológico, acompanhamento
nutricional e grupos de apoio. É importante ressaltar que dietas restritivas
tradicionais são geralmente contraindicadas, pois tendem a perpetuar o ciclo de
restrição-compulsão.
Conclusão
Os
vícios, sejam em substâncias ou comportamentos, representam condições complexas
que afetam milhões de brasileiros e bilhões de pessoas em todo o mundo.
Compreender esses transtornos como condições de saúde legítimas, com bases
neurobiológicas e psicossociais bem estabelecidas, é fundamental para superar o
estigma e promover abordagens mais eficazes de prevenção e tratamento.
A
jornada para a recuperação de qualquer dependência raramente é linear e
frequentemente envolve recaídas. No entanto, com suporte adequado, tratamento
baseado em evidências e uma abordagem compassiva que reconheça os múltiplos
fatores envolvidos no desenvolvimento e manutenção dos vícios, a recuperação é
possível.
Se
você ou alguém que você conhece está lutando contra alguma forma de
dependência, lembre-se: buscar ajuda é um sinal de força, não de fraqueza.
Profissionais de saúde mental, grupos de apoio e serviços especializados estão
disponíveis para oferecer suporte nessa jornada desafiadora, mas potencialmente
transformadora.
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